Frida Kahlo também teve que submeter-se a 32 operações. Sua debilidade física era grande e, então, seu pai providenciou um cavalete especial, para que ela pudesse trabalhar sua arte deitada. Também foi instalado um espelho no teto, para facilitar seus autorretratos.
“Eu me retrato porque passo muito tempo sozinha e porque sou o assunto que conheço melhor”, disse ela.
Seu estilo de vestir-se era marcado por saias mexicanas estampadas, que cobriam suas pernas até os pés. Frida usava também laços trançados com fitas coloridas, flores na cabeça, colares e brincos. Sua vestimenta exaltava a arte e a cultura mexicanas.
Frida Kahlo ingressou na Escola Preparatória Nacional da Cidade do México, instituição de prestígio, onde começou a frequentar círculos políticos, artísticos e intelectuais. Por meio de um líder estudantil, ela conheceu o comunista cubano Julio Antonio Mella. Ele estava exilado no México com sua companheira, a fotógrafa Tina Modotti. Foi através da amizade com Tina que Frida conheceu o pintor Diego Rivera. Tanto Tinta Modotti quanto Diego Rivera faziam parte do Partido Comunista do México. Através deles, Frida começou a frequentar as reuniões políticas do grupo.
Frida ficou encantada com a obra e a personalidade do muralista Diego Rivera. O incentivo dele foi essencial para suas pinturas. Na verdade, ela mostrava-lhe seus quadros e ele a encorajava a continuar, dizendo que ela tinha muito talento.
Diego Rivera e Frida Kahlo casaram-se em 21 de agosto de 1929. O casal morava na Casa Azul, localizada em Coyoacán, onde Frida passou a infância. Lá, eles começaram a celebrar grandes festas e deram asilo a figuras políticas famosas, como André Bretón e León Trotsky. sabido que, após oferecer asilo ao líder político russo, León Trotsky, a artista mexicana teve um caso com ele. O relacionamento amoroso entre Diego e Frida foi cheio de altos e baixos. O casamento foi marcado por infidelidades, sinais de amor, casos extraconjugais (inclusive com Cristina, irmã de Frida), divórcio, dois abortos. E, acima de tudo, um vínculo criativo e político que os uniu por toda a vida.
Embora Frida sempre tenha querido ser mãe, os ferimentos em seu corpo, resultantes do acidente de ônibus, a impediram de realizar este sonho. Frustrada, ela caiu em depressão e até fez algumas tentativas de suicídio.
Além de ter sido uma grande pintora, Frida também destacou-se por escrever pensamentos e poemas, que refletiam sua dor, seu sofrimento e o amor que sentia por Diego Rivera. O trabalho de Frida Kahlo foi descrito como surrealista pelo poeta e ensaísta André Bretón. No entanto, ela disse: “Pensaram que eu era surrealista, mas eu não era. Eu nunca pintei os meus sonhos. Eu pintei minha própria realidade.”
A única exposição que Frida Kahlo realizou em vida foi justamente na Cidade do México. Apesar da grande deterioração de sua saúde e da proibição dos médicos, Frida chegou ao local de ambulância e ficou o tempo todo deitada. Conta-se que havia uma cama dentro da galeria e que, dela, a artista cantou, bebeu e contou piadas ao longo da tarde, tornando a sua exposição um sucesso absoluto. Os trabalhos de Frida Kahlo também foram exibidos em Nova York, Boston, Filadélfia e Paris.
Frida morreu em 13 de junho de 1954. Antes de ser cremado, seu corpo foi vestido com um traje típico mexicano. Sua mão direita foi colocada sobre o p e i t o, como era o seu desejo. Suas cinzas foram preservadas na Casa Azul de Coyoacán, local onde também nasceu. “Quando eu morrer, queime meu corpo. Não quero ser enterrada. Passei muito tempo deitada. Apenas queime!”, disse Frida Kahlo, pouco antes de morrer.
Apesar das adversidades que enfrentou, Frida teve uma vida intensa e conseguiu capturar sua paixão através da arte. Certamente, os dois períodos de longa convalescença fizeram sua imaginação aflorar ainda mais. A seguinte frase resume o pensamento da artista: “Para que me servem os pés se tenho asas para voar?”