Atriz de doramas comete suicídio após cyberbullying
Kim Sae-ron de 24 anos, foi encontrada morta em sua residência, em Seul, no domingo (16/2), sem que mais detalhes fossem divulgados pela polícia. Kim foi sepultada ontem (19). As informações iniciais dão conta de que a morte ocorreu por suicídio.
Ela havia sido bombardeada pela cobertura negativa da imprensa e discursos de ódio online após uma condenação por dirigir embriagada em 2022.
Especialistas consideraram as circunstâncias que levaram a este desfecho tristemente comuns. Outras celebridades também acabaram tirando suas próprias vidas depois que suas carreiras foram destruídas pelo cyberbullying.
A Coreia do Sul é conhecida por sua cultura hipercompetitiva na maioria das diferentes esferas da vida social, desde nas salas de aula até nas carreiras profissionais.
O país tem uma das mais altas taxas de suicídio entre os países desenvolvidos.
Embora a taxa geral de suicídio esteja caindo, as mortes de pessoas na faixa dos 20 anos estão aumentando.
Esta pressão é maior no caso das celebridades. Elas enfrentam uma pressão imensa para serem perfeitas, e estão sujeitas às exigências de “superfãs” obsessivos que podem alavancar ou destruir suas carreiras.
É por isso que até mesmo o menor passo em falso pode significar o fim de uma carreira. Kim Sae-ron se tornou tão impopular que cenas com ela foram cortadas de séries como Cães de Caça, da Netflix, de 2023.
Não é só cyberbullyng
Em 2022, no auge de sua carreira, a falecida atriz se envolveu em um acidente de carro em Gangnam-gu, um bairro nobre de Seul, quando dirigia seu veículo alcoolizada. Na ocasião, ela acabou colidindo com um transformador elétrico, o que causou prejuízo a negócios locais e residências, e fez ela ter que arcar financeiramente com eles.
Devido à polêmica, a artista acabou sofrendo uma grande baixa em sua carreira, com o encerramento de contratos e falta de convites para ações publicitárias, o que também ocasionou na quebra de contrato com sua agência, o que gerou a multa milionária.
Sem sua principal fonte de renda, Kim Sae-ron não conseguiu arcar com a dívida em vida e ainda recebeu uma carta oficial de cobrança da Gold Medalist, segundo a mídia internacional. Ela também teria pedido mais tempo para quitar os débitos devido às dificuldades financeiras que estava enfrentando.
“Causei danos a muitas pessoas, incluindo comerciantes, cidadãos e aqueles que restauraram os danos. Eu deveria ter agido de forma mais cuidadosa e responsável, mas não consegui. Peço sinceras desculpas“, escreveu ela em um comunicado no Instagram na época da polêmica.
Kim Sae-ron.
O pai de Kim Sae-ron culpou um YouTuber pela morte da filha, alegando que os vídeos controversos publicados no canal causaram a ela um profundo sofrimento emocional.
Outros acusaram os meios de comunicação locais, que supostamente alimentaram a animosidade pública contra Kim ao noticiar alegações não verificadas.
Na Jong-ho, professor de psiquiatria da Universidade de Yale, nos EUA, comparou a onda de mortes de celebridades na Coreia do Sul a uma versão da vida real de Round 6, a série de sucesso sul-coreana da Netflix, na qual pessoas endividadas lutam até à morte por um enorme prêmio em dinheiro.
“Nossa sociedade abandona aqueles que tropeçam, e segue em frente como se nada tivesse acontecido. Quantas vidas mais precisam ser perdidas antes de pararmos de infligir essa vergonha destrutiva e sufocante às pessoas?“, escreveu ele no Facebook.
“Dirigir embriagado é um grande erro. Haveria um problema com nosso sistema judicial se isso ficasse impune. No entanto, uma sociedade que enterra as pessoas que cometem erros sem dar a elas uma segunda chance não é uma sociedade saudável“, acrescentou Na.
Problemas financeiros aliados a pressões sociais formam um conjunto forte para a promoção da depressão e ansiedade, que são os principais fatores que contribuem para o suicídio em todo o mundo.
Segundo o psicanalista Nelson Mascaro Junior, “o suicídio é o desfecho de uma série de complexas interações de fatores patológicos, culturais e socioambientais“. Mas de 12 mil pessoas tiram a vida, no Brasil, todos os anos.
Cerca de 96,8% dos casos de suicídio estavam relacionados a transtornos mentais. Em primeiro lugar está a depressão, seguida do transtorno bipolar e do abuso de substâncias.
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