A população paranaense ficará cada vez mais concentrada em grandes centros urbanos

A população paranaense ficará cada vez mais concentrada em grandes centros urbanos. É o que aponta a nova projeção do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), divulgada nesta terça-feira (17), que tem como foco os 399 municípios do Paraná. Até 2050, 26 cidades deverão concentrar cerca de 60% dos habitantes do Estado. Os dados estão disponíveis na Base de Dados do Estado (BDEweb) e também em BI.

Hoje, 22 municípios contam com mais de 100 mil habitantes, segundo o Censo 2022: Curitiba, Londrina, Maringá, Cascavel, São José dos Pinhais, Ponta Grossa, Foz do Iguaçu, Fazenda Rio Grande, Colombo, Araucária, Sarandi, Toledo, Guarapuava, Campo Largo, Piraquara, Umuarama, Arapongas, Almirante Tamandaré, Paranaguá, Apucarana, Pinhais e Cambé. Para 2050, esse número crescerá 18%, chegando a 26 cidades. Pato Branco, no Sudoeste, e Paranavaí, no Noroeste, devem se juntar à lista.

Já na estimativa populacional do IBGE de 2024, Campo Mourão (Centro-Oeste) e Francisco Beltrão (Sudoeste) já contam com mais de 100 mil habitantes em 2024.

As projeções também apontam que Curitiba e Londrina continuarão com as maiores populações no Estado, sendo a primeira acima de 1 milhão de habitantes (a única do Paraná) e a segunda com mais de 500 mil – também a única. Maringá aparece na sequência, com 474 mil moradores.

Cascavel e São José dos Pinhais devem ultrapassar Ponta Grossa, com as três cidades acima de 400 mil residentes. Foz do Iguaçu, Fazenda Rio Grande, Colombo e Araucária fecham a lista de cidades mais populosas do Estado, segundo a projeção, cada uma acima de 200 mil habitantes.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população do Paraná deverá crescer até 2044, chegando a 12,46 milhões de habitantes e, a partir de 2045, reduzir até chegar a 12,40 milhões em 2050. A nível nacional, o ponto de inflexão na curva será atingido três anos antes, em 2042, quando a população brasileira começará a reduzir gradativamente, chegando a 215,2 milhões.

Curitiba – PR

O secretário de Estado do Planejamento, Guto Silva, afirmou que as projeções populacionais auxiliam os gestores públicos na construção de ações mais eficazes e condizentes com a realidade. “Esses dados nos fazem refletir sobre as políticas públicas, sobre os investimentos, dando uma orientação de como estará o Paraná para os próximos anos, com destaque para o envelhecimento. Em 2050, teremos cerca de 30% da população com mais de 60 anos, e o número de crianças e jovens encolhendo”, destacou.

Ele observa que isso aponta, por exemplo, que será necessário construir menos creches e mais espaços para idosos. “Do ponto de vista orçamentário, vai exigir um incremento nas áreas da ação social, da saúde, justamente por esse envelhecimento da população. O Paraná está envelhecendo e isso significa mais qualidade de vida, o que é bom, mas, por outro lado, temos que olhar o ponto de vista econômico, com a redução da população economicamente ativa para poder trabalhar e produzir”, acrescentou.

REGIÕES – Na contramão do Estado e do País, as Regiões Geográficas Intermediárias de Cascavel e Maringá devem seguir com suas populações crescendo mesmo com o cenário de redução estadual, com 2,51 milhões e 2,19 milhões, respectivamente, no final da primeira metade do século XXI.

A Região de Curitiba, que atualmente conta com 4,20 milhões de habitantes, crescerá até 2046, com o ponto de inflexão a partir de 2047. Entretanto, continuará com um número superior ao registrado em 2024, chegando a 2050 com 4,44 milhões de moradores. As Regiões de Guarapuava, Londrina e Ponta Grossa terão suas populações reduzidas no período.

Entre 2025 a 2035, cerca de 153 municípios deverão apresentar taxas positivas de crescimento. Já entre 2035 e 2050, este número cairá para 102. Em termos de comparação, no último período censitário, de 2010 a 2022, 229 municípios apresentaram este desempenho.

Isoladamente, as cidades que terão sua população aumentada de forma mais expressivas nos próximos 25 anos são Floresta, com 179,29% (passando de 12.173 para 33.998 habitantes); Mandaguaçu, com 125,93% (de 35.948 para 81.219); Vitorino, com 91,98% (de 10.731 para 20.601); Sabáudia, com 78,65% (de 9.725 para 17.393); Pontal do Paraná, com 76,70% (de 33.891 para 59.884); Sarandi, com 61,02% (de 130.263 para 209.750); Fazenda Rio Grande, com 58,45% (de 165.369 para 262.033); Francisco Alves, com 57,37% (de 8.724 para 13.729); Iguaraçu, com 56,45% (de 5.787 para 9.054); e Cambira, com 51,43% de crescimento em sua população (de 10.215 para 15.469 habitantes).

“Com esses dados, os prefeitos eleitos ou reeleitos terão à disposição informações para o planejamento das políticas municipais, como as relacionadas à saúde e educação”, ressaltou o diretor-presidente do Ipardes, Jorge Callado.

Ele destacou que a dinâmica de populações do Paraná é bastante heterogênea. “Nós vamos ter um aumento até 2044, depois uma redução da população de jovens e aumento da população de idosos. A concentração ocorrerá nos locais onde já temos mais de 100 mil habitantes, incluindo também as regiões metropolitanas do Paraná”, concluiu.

Os contingentes populacionais projetados podem subsidiar o planejamento e a elaboração das políticas públicas do Estado, fornecendo parâmetros para a tomada de decisões, incluindo a construção de indicadores que exigem a variável populacional. Além disso, contribuem para que a sociedade e as organizações possam prever a demanda por produtos e serviços.

RECORTES – Até 2050, a população paranaense deverá apresentar redução de 5,5 pontos percentuais (p.p.) da participação relativa dos jovens (até 14 anos de idade – 1,7 milhão), passando de 19,2% para 13,7%, e incremento de 12 p.p. das pessoas idosas (60 ou mais – 3,7 milhões), indo de 17,6% para 29,8%. Dentro desse recorte, a quantidade de idosos com idade superior a 80 anos também cresce de forma acelerada, passando de 2,3% para 6,9%, crescimento de 4,6 p.p.

O superintendente do IBGE no Paraná, Elias Ricardo, explicou que a projeção do Ipardes vai ao encontro da tendência nacional, de uma população que vive mais e com menores taxas de natalidade. “É uma tendência mundial que agora está sendo efetivada no Brasil, e mais especificamente, nos municípios. A menor taxa de fecundidade, a melhoria das condições de vida e a crise provocada pela Covid-19 e Zika influenciam esses números”, explicou.

Ele destacou também a importância de projetar os dados com foco nos municípios. “Toda vez que os nossos dados são utilizados para projeções mais específicas nas cidades, onde as políticas públicas realmente são efetivadas, é importantíssimo, porque nós temos o reflexo das nossas pesquisas diretamente na população e isso faz com que nós tomemos atitudes no sentido de melhorar o nosso trabalho de levantamento e até mesmo o nosso cuidado metodológico”, finalizou.

Em relação ao sexo, o feminino, que hoje já é maioria no Paraná, com 51,16%, contra 48,84% do sexo masculino, ampliará lentamente a sua vantagem, chegando a 2050 com 51,46%, ante 48,54% do sexo oposto, índice alcançado a partir de 2045 e estável pelos quatro anos seguintes.

METODOLOGIA – Para atualização da projeção, foram incorporados dados do Censo Demográfico de 2022, do IBGE, avançando a série em uma década, de 2040 para 2050, em relação ao estudo anterior (2018-2040). O órgão federal divulgou em agosto as projeções para o Brasil e os estados, enquanto que o Ipardes, a partir do recorte apresentado pelo IBGE em relação ao Paraná, fez a abordagem em relação aos municípios.

As projeções expressam o desenvolvimento da dinâmica populacional, utilizando informações atuais e tendências observadas. O objetivo é ajudar na compreensão de possíveis transformações demográficas que as populações dos municípios paranaenses experimentarão nas próximas décadas.

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