Os termos “fake news” e “deepfake” estão ficando cada vez mais comuns, quando a justiça eleitoral aborda a segurança nos processos eleitorais. Mas nem todos sabem exatamente o que estes termos significam. E por isso eles se tornam ainda mais perigosos, pois a falta de informação leva o usuário da internet a percorrer um caminho enganoso e a chegar a conclusões distantes da realidade. Vamos então definir estes termos, dar exemplos e também informações para evitá-los.
Fake News e Deepfake ameaçam o processo eleitoral.
FAKE NEWS
O termo fake news é usado para referir-se a falsas informações divulgadas, principalmente, em redes sociais. Mas esta definição é demasiadamente abrangente. Uma informação falsa não é necessariamente uma fake news, pois o que se combate é a uma informação falsa, produzida intencionalmente, com um propósito específico.
Por exemplo, se uma notícia diz que em uma cidade com uma população de 160 mil habitantes, 35% é analfabeto funcional. E depois se constata que na verdade a cidade tem 165 mil habitantes e que 36% são analfabetos, a notícia não correspondeu a verdade, mas não deve ser considerada uma fake news, e sim uma notícia com erro. Tal erro decorrente de informações equivocadas ou pesquisa mal feita, não produz efeito maior quando corrigida. Não se nota aqui intensão de se produzir uma informação errada, mentirosa, com intensão maliciosa.
Mas quando alguém publica que um ministro, presidente ou prefeito aprovou uma determinada lei, quando esta lei não existe… Especialmente quando esta notícia é publicada direcionada a um nicho de público que não aceitaria tal lei… Fica claro que a notícia foi produzida propositalmente, sabidamente mentirosa por quem a redigiu, e com intenção maliciosa.
Ainda pior é quando esta notícia tem imagens que parecem refletir uma realidade, mas na verdade ou a imagem é uma montagem ou ela foi tirada de contexto. A mesma coisa acontece com filmagens que podem ser alteradas ou tiradas de contexto em uma fake news.
DEEPFAKE
Este é um termo relativamente novo. O termo «deepfake» é uma combinação de «deep learning» e «fake». E está diretamente relacionado à tecnologia de inteligência artificial na criação de vídeos de conteúdo fraudulento, às vezes de natureza pornográfica, que é praticamente indetectável.
Neste caso, o uso de ferramentas de inteligência artificial pode criar vídeos hiperrealistas com cenas que nunca aconteceram, em cenários que parecem reais. Pode substituir o rosto de um avatar pelo rosto de uma pessoa real, ou colocar o rosto de uma pessoa no corpo de outra. Pode ainda imitar movimentos de fala e reproduzir a voz da pessoa. Como resultado você terá uma pessoa falando em um vídeo algo que ela nunca disse, em um vídeo que ela nunca gravou.
Isso pode levar as pessoas a reagirem baseadas em uma informação absolutamente falsa.
Imagine se o presidente de um país em guerra aparece se rendendo? O que isso provocaria em seus soldados? Saiba que isto ocorreu recentemente.
Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia se rendendo à Rússia, foi o primeiro “deepfake usado em um conflito armado”.
Na manipulação digital, Zelenskiy pede à população e às suas tropas que se rendessem à invasão russa. O presidente desmentiu o vídeo – “Quanto à última provocação infantil com conselho para depor as armas, apenas aconselho que as tropas da Federação Russa deponham as armas e voltem para casa“.
No vídeo, uma versão falsificada de Zelensky declara que a Ucrânia “decidiu devolver Donbas (região separatista)” à Rússia e que os esforços de guerra de sua nação falharam.
Um processo eleitoral envolve entre tantas coisas, a exposição dos candidatos a opinião pública. Para isso o candidatos contam com os mais diversos meios de comunicação e formatos. Sem dúvidas, hoje, as redes sociais são de grande importância neste processo.
Ainda temos que considerar que o processo eleitoral ocorre em um período relativamente curto. Assim, se um candidato aparece nas redes sociais dando uma declaração forte, sobre sua candidatura, sobre o que pensa ou sobre os seus opositores, e este vídeo for deepfake, o resultado da eleição poderá mudar, baseado em uma informação falsa. E não haverá tempo para que esta fraude seja descoberta e provada como deepfake para os eleitores.
As redes sociais e os aplicativos de comunicação são meios digitais que disseminam informações com grande rapidez e grande libertade. E isto é muito bom, pois dá ao povo uma liberdade de expressão fantástica, como nunca houve na história da humanidade. Tal liberdade deve ser preservada. Mas não é possível afastar-se do problema gerado por faltas informações.
Para combater a desinformação durante as eleições no estado, o Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) conta com o projeto Gralha Confere. A iniciativa recebe dúvidas da população sobre conteúdos que envolvem o processo eleitoral, a segurança do voto e a legitimidade da Justiça Eleitoral, publicados em sites e nas redes sociais.
Implementado pelo TRE-PR nas Eleições de 2020, o Gralha Confere foi regulamentado pela Portaria n° 153/2022 com o objetivo de aumentar o potencial informativo sobre o processo eleitoral em âmbito regional, esclarecer o eleitorado, auxiliar a cobertura jornalística e manter a integridade do pleito.
Não compartilhe boatos! Acesse o Gralha Confere
Esta é uma ferramenta muito boa e há outras que mostram que notícias são verdadeiras ou falsas. Mas a verdade é que quando o eleitor encontra uma notícia que está alinhada com seu modo de pensar ele imediatamente a endossa e compartilha. Sem verificar se ela é ou não verdadeira.
QUEM PRODUZ FALSAS NOTÍCIAS
Uma das boas qualidades das ferramentas de inteligência artificial, disponíveis em todo o mundo, é que muitos recursos são gratuitos (alguns pagos) e estão a disposição de todos. Outro ponto positivo é que estas ferramentas são fáceis de usarem. Não é necessário conhecimento prévio de informática ou programação.
Desta forma, em tese, qualquer pessoa pode criar uma notícia falsa, com a sofisticação da inteligência artificial e postar isso nas redes. Mas é claro que não será difícil rastrear isso até chegar no seu autor. Por isso falsas notícias com efeitos nefastos previstos pelos seus autores, normalmente são realizadas por pessoas que conhecem o mundo digital o suficiente para não serem descobertos.
QUEM SE BENEFICIA E QUEM É PREJUDICADO
Mesmo com toda ajuda de ferramentas de I.A. a produção de uma deepfake não é algo que se faça em alguns segundos. Portanto quem as faz, se dedica e faz para beneficiar alguém ou a si mesmo. Em um processo eleitoral há sempre um candidato ou ideologia a ser promovido e outro candidato e ideologia a ser prejudicado.
Mas quem sempre perde é o processo democrático, que deveria refletir nas urnas a vontade de um povo, que escolhe seu representante baseado na convicção de que ele servirá a este povo.
Se o voto for baseado em falsas informações e ódio ou adoração, isso coloca a representação da vontade popular em cheque.
O QUE PODE SER FEITO
Embora as autoridades e a sociedade civil organizada tenha mostrado preocupação e uma legislação específica esteja em vigor, você é o principal elemento no combate as fake news e deepfakes. Siga estes 5 pontos para se livrar disto:
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