Mais idosos estão usando internet no Brasil

Mais idosos estão usando internet no Brasil

A probabilidade de esta reportagem estar sendo lida em um celular é muito grande, uma vez que 98,8% dos brasileiros com 10 anos ou mais de idade acessam a rede por meio do telefone.

Esse dado e outras constatações, como o aumento da população idosa em contato com a internet, fazem parte de um suplemento da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada nesta sexta-feira (16) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O levantamento – que traz também uma radiografia do uso da televisão pelos brasileiros – mostra que 88% da população com 10 anos ou mais de idade acessaram a internet em 2023. São 164,5 milhões de pessoas. Em 2019, a proporção era 79,5%, e em 2016, 66,1%. A pesquisa leva em consideração qualquer tipo de acesso, seja no domicílio ou fora dele.

Entre as pessoas com mais de 60 anos, a proporção de quem usava a internet em 2023 ficou em 66% (22,5 milhões), a menor entre todas as faixas etárias. No entanto, esse grupo é o que mais cresce, proporcionalmente, desde 2019, quando menos da metade (44,8%) desse público tinha contato com a internet. A expansão foi de 21,2 pontos percentuais. Em 2016, menos de um em cada quatro (24,7%) idosos acessava a rede.

De acordo com o analista da pesquisa, Gustavo Geaquinto Fontes, o crescimento do uso internet entre idosos impressiona.

“No período curto de 2019 a 2023, houve aumento muito grande. Isso pode estar relacionado com a disseminação do uso da internet no cotidiano da sociedade e facilitação do acesso à internet por vários meios.”

“Muitas coisas hoje são feitas pela internet”, acrescenta Fontes, citando ligações por áudio e vídeo.

A pesquisa mostra que 86,5% dos idosos informaram usar a internet todos os dias. No conjunto da população, a marca chega a 94,3%.

As faixas etárias situadas entre 14 e 49 anos tiveram mais de 93% de seus indivíduos em contato com a internet em 2023. O percentual mais alto é o da população de 25 a 29 anos, 96,3%.

Finalidade e formas de uso
É crescente a presença da internet nos lares brasileiros. Em 2016, 70,9% utilizavam o serviço, patamar que chegou a 92,5% em 2023. Desde o início da série histórica do IBGE, iniciada em 2016, a banda larga chega a praticamente todas as casas com internet. Em 2023 estava em 99,9% dos lares que acessavam a rede.

Ao investigar o uso que o brasileiro faz da internet, o IBGE constatou que as atividades mais citadas foram ligação de voz ou vídeo (94,6%), envio ou recebimento de mensagens por aplicativos (91,1%), assistir a vídeos (87,6%), redes sociais (83,5%) e ouvir música, rádio ou podcast (82,4%).

Ler notícias e livros figura em sexto lugar (69%), seguido por acesso a bancos (66,7%) e e-mail (60,5%). Pouco menos da metade (44,7%) das pessoas citou compras online e 35,9% responderam usar algum serviço público. No fim da lista estão jogos (30,9%) e vender ou anunciar bens ou serviços (13,2%).

O meio mais citado para uso de internet na população com 10 anos ou mais de idade foi o celular (98,8%), seguido por televisão (49,8%), microcomputador (34,2%) e tablet (7,6%). Nos últimos anos, a TV tem ganhado preferência no acesso à internet. Em 2016 a marca era de apenas 11,6%. No mesmo período, o microcomputador caiu de 63,2% para 34,2%.

O suplemento da Pnad mostra também que a presença de microcomputadores nos lares brasileiros vem caindo. Em 2016, eles estavam em quase metade (45,9%) das residências. Já em 2023, em apenas 39% dos domicílios.

Desde 2022 o IBGE apura a presença de dispositivos inteligentes que podem ser acessados pela internet, como câmeras, caixas de som, lâmpadas, ar-condicionado, geladeiras etc. No primeiro ano da apuração, esses dispositivos estavam em 14,3% das residências brasileiras, patamar que subiu para 16% em 2023.

Cerca de 12% da população com 10 anos ou mais de idade (22,4 milhões de pessoas) informaram não ter usado a internet nos 90 dias anteriores à entrevistada do IBGE. Desse público, 75,5% eram sem instrução ou com ensino fundamental incompleto e 51,6% eram idosos.

Dos 22,4 milhões, 46,3% disseram que o principal motivo para a falta de acesso era não saber utilizar a internet. Entre os idoso, esse percentual sobe para 66%.

Telefones
O levantamento apurou também a inserção do telefone celular no cotidiano do brasileiro – independentemente de ser usado para acessar a internet. Em 2023, 87,6% tinham celular. Em 2016, o patamar era 77,4%. Entre as pessoas que possuíam telefone móvel celular no ano passado, 96,7% tinham acesso à internet por meio do aparelho.

Enquanto no Centro-Oeste (92,1%), Sudeste (90,9%) e Sul (90%) a posse de celular ficava na casa dos 90%, no Nordeste e Norte passava pouco de 80%, sendo 81,9% e 81,2%, respectivamente.

Assim como acontece no uso da internet, o maior crescimento na posse de celular acontece entre os idosos. Em 2022, 73,7% tinham o aparelho, marca que subiu para 76,1% em 2023.

Enquanto o celular fica mais e mais presente no cotidiano brasileiro, a telefonia fixa perde relevância. Em 2016, 93,1% dos domicílios tinham aparelho celular; e 32,6%, telefone fixo. Em 2023, as proporções passaram para 96,7% e 9,5%, respectivamente.

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São José dos Pinhais inaugura novo terminal metropolitano

São José dos Pinhais inaugura novo terminal metropolitano

O novo terminal foi inaugurado ontem, com a presença do governador Ratinho Junior, e beneficia mais de 30 mil passageiros do transporte coletivo que utilizarão a estrutura diariamente para se deslocar entre a cidade e a Capital.

O terminal foi construído em uma área de propriedade do município com aproximadamente 18,4 mil metros quadrados, quatro vezes maior do que o atual, e possui quase 6 mil metros quadrados de área coberta. Ele atenderá vários bairros de São José dos Pinhais e fará conexões com os terminais do Boqueirão, Pinhais, Piraquara e Guadalupe.

Com 26 plataformas – contra 11 do antigo terminal – o espaço permitirá a redistribuição das linhas existentes e até mesmo a criação de novas linhas. A primeira foi anunciada durante a inauguração e fará a ligação de São José dos Pinhais com o Terminal Centenário, em Curitiba.

“Esse projeto representa mais mobilidade, comodidade e segurança aos trabalhadores que utilizam o transporte público em São José dos Pinhais”, disse o governador durante a inauguração. “Com um espaço maior, é possível aumentar também a oferta de linhas de ônibus, reforçando a integração do transporte público da população da cidade, que é a maior da RMC e continua crescendo muito”.

Ratinho Junior enfatizou que a estrutura segue um novo modelo de “Terminal Parque”, com espaços de convivência e equipamentos de lazer que podem ser usados pelos moradores, especialmente durante os finais de semana. Entre as instalações, estão academia ao ar livre, área de recreação, parque infantil, bicicletário e estacionamento.

O local também conta com uma Araucária Solar, uma estrutura arquitetônica em formato da simbólica árvore do Paraná com placas fotovoltaicas e tomadas disponíveis a quem transita pela região e precisa carregar o celular ou outros equipamentos eletrônicos.

De acordo com o presidente da Amep, Gilson Santos, a execução da obra do novo terminal seguiu à risca o cronograma estipulado em contrato. “É uma obra que foi prevista para durar 18 meses e que foi entregue neste prazo, algo difícil no Brasil e que demonstra a qualidade do projeto e responsabilidade dos profissionais envolvidos, além de atender uma demanda reprimida da população”, disse.

TRÂNSITO – As operações terão início no próximo sábado (24), mas durante os primeiros dias de funcionamento, o antigo terminal continuará a operar como ponto de parada para algumas linhas de ônibus. Fiscais e monitores estarão no antigo espaço para fornecer informações e orientar os usuários do transporte público sobre as mudanças.

A Secretaria Municipal de Transportes e Trânsito de São José dos Pinhais informou algumas mudanças nas vias próximas ao novo terminal: A Rua Godofredo Machado, entre as ruas Amir Ângelo Moss e Adir Pedroso, passará a ter sentido único em direção ao terminal. Na Avenida Rui Barbosa, o semáforo na saída do terminal funcionará de forma sincronizada com os semáforos das ruas Alfredo Pinto e Anneliese Gellert Krigsner.

ESTRUTURA APROVADA – Para o presidente da Associação de Deficientes de São José dos Pinhais, Jacson Furlan, que também utiliza o transporte público na cidade, o novo terminal atende as necessidades das Pessoas com Deficiência (PCD). “O projeto foi muito bem desenvolvido, com consultas a todos os tipos de usuários, tanto os deficientes físicos como visuais, com acessibilidade muito boa, o que dá autonomia às PCD, que é o que buscamos”, comentou.

A dona de casa Maria Francisca da Cunha também fez questão de conferir de perto a estrutura do novo terminal metropolitano e aprovou o que viu. “São 40 anos morando aqui em São José dos Pinhais e eu me emocionei muito quando vi esse terminal. Ficou lindo. Acredito que agora vai ficar bem melhor de pegar ônibus”, revelou.

INTEGRAÇÃO METROPOLITANA – O novo terminal de ônibus de São José dos Pinhais entra em funcionamento praticamente um ano depois da abertura do novo terminal metropolitano de Piraquara, que também foi inaugurado pelo governador dentro da estratégia de melhorar a integração entre os municípios da RMC. Com um investimento de R$ 14,3 milhões, a estrutura é quatro vezes maior que a antiga, além de ser mais moderna, atendendo com conforto e agilidade os cerca de 23 mil usuários diários na cidade vizinha.

Em fevereiro deste ano, o Governo do Estado também concluiu a compra do terreno onde será construído o novo terminal metropolitano de Londrina. A estrutura vai facilitar a conexão da maior cidade da região Norte do Estado com as vizinhas Cambé, Ibiporã, Rolândia e Jataizinho, por onde transitam diariamente cerca de 50 mil pessoas.

Atualmente, o processo está na etapa final de licitação para a contratação da empresa que será responsável pela elaboração do anteprojeto. O edital, que tem um preço máximo de R$ 1 milhão, atraiu 14 empresas especializadas. A entrega da obra do terminal à população está prevista para 2026.

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O Brasil já perdeu 33% das áreas naturais

O Brasil já perdeu 33% das áreas naturais

A cobertura e o uso da terra pela ação do homem no Brasil continuam a mudar aumentando os riscos climáticos, aponta um mapeamento divulgado, nesta quarta-feira (21), pela MapBiomas. 

De acordo com o estudo que analisa dados de 1985 a 2023, o país já acumula um saldo negativo de 33% das áreas naturais de seu território, que incluem a vegetação nativa dos biomas, superfície de água e áreas naturais não vegetadas, como praias e dunas.

 

As queimadas são uma das formas mais agressivas ao meio ambiente.

Nos últimos 39 anos, o Brasil perdeu 110 milhões de hectares dessas áreas, o que equivale a 13% do território do país, os outros 20% já haviam sofrido mudança anteriormente. Esse resultado também leva em consideração o mapeamento de vegetação nativa recuperada a partir de 2008, quando Código Florestal foi regulamentado pelo Decreto nº 6.514 que estabeleceu mecanismos de sanção e compensação por danos ambientais.

Enquanto no território de 37% dos municípios brasileiros houve ganho de vegetação nativa, 45%, ou seja, quase metade dos 5.570 municípios do país tiveram saldo negativo na cobertura de área natural no período. Os outros 18% se mantiveram estáveis entre 2008 e 2023, ou seja, o saldo entre o ganho e perda das áreas naturais foram menores que 2% ao longo do período.

“A vegetação secundária já está classificada como floresta, incluída na área nativa em 2023. Então, ele pode ter sido desmatada ou teve uma queima severa e foi mapeada como pastagem, mas depois que ela recupera ela volta a ser considerada como floresta”, informou o coordenador técnico da Mapbiomas, Marcos Reis Rosa.

Os dados da Coleção 9 de mapas anuais de cobertura e uso da terra foram consolidados a partir do monitoramento de 29 mapas com análises, por exemplo, da cobertura do solo e uso da terra, a partir de diferentes recortes de território, como biomas, municípios, terras públicas e privadas. Na publicação, há novos mapas como o recorte de fitofisionomias, que são as características das vegetações regionalizadas, por exemplo.

Biomas
A partir desse volume de informação, os pesquisadores chegaram à conclusão de que o Brasil manteve até 2023 apenas 64,5% da vegetação nativa, além das superfícies de água e áreas naturais não vegetadas, como praias e dunas, que correspondem a 2,5% do seu território. Dos 110 milhões de hectares de vegetação nativa suprimida, 55 milhões de hectares foram na Amazônia, 38 milhões de hectares no Cerrado, a Caatinga perdeu 8,6 milhões de hectares e 3,3 milhões de hectares perdidos estão no Pampa.

No Pantanal houve uma perda significativa na superfície de água, que em 1985 representava 21% dos 15,1 milhões de hectares do bioma no Brasil. Em 2023, a água passou a representar apenas 4% do território pantaneiro. Já as áreas de vegetação herbácea e arbustiva aumentaram de 36% em 1985 para 50% do bioma em 2023.

De acordo com o pesquisador Eduardo Vélez Martin, os dados disponibilizados na plataforma Mapbiomas permitem compreender a dinâmica territorial de maior ou menor aceleração da taxa de perda ao longo do tempo. “A gente vê por exemplo que o Cerrado e o Pampa têm uma perda proporcional muito alta, praticamente em torno de 27% e 28% do que tinha em 1985. Isso mostra uma tendência muito grande e acelerada de mudança nesses 39 anos, em contraste com outros biomas, por exemplo o Pantanal”, diz.

Florestas Públicas
Pela primeira vez, foi realizado um recorte na perda de cobertura vegetal das florestas públicas não destinadas, ou seja, aquelas em que a União ainda não definiu o uso da terra, como Unidades de Conservação, Terras Indígenas e concessões florestais e que representam 13% da Amazônia Legal. Atualmente, essas florestas ainda mantêm 92% de sua área coberta por vegetação nativa.

Já nas florestas públicas destinadas, as Terras Indígenas são as áreas mais preservadas no país, onde a perda de vegetação nativa foi equivalente a menos de 1% em 39 anos. Elas correspondem a 13% de todo o território nacional.

Áreas privadas
As áreas naturais sofreram maior impacto em propriedades privadas, onde a perda foi de 28% em 39 anos. No total de 281 milhões de hectares convertidos pela ação do homem até 2023, 60% está em propriedades privadas. Houve uma expansão de 228% das áreas que foram convertidas em agricultura e 76% nas que passaram a ser pastagem, depois de 1985.

Quando o relevo é analisado, foi observada uma diferença entre a zona rural e áreas urbanas. Terras mais planas foram mais afetadas no campo, onde regiões com inclinação de 0 a 3% perderam 20% de sua cobertura nativa. Já nas zonas urbanas, as áreas de encostas, com inclinação superior a 30%, foram as que sofreram redução da vegetação nativa, uma média de 3,3% ao ano.

“Essa informação sobre a declividade pode ser um dos fatores para entendimento de outros processos como os erosivos, deslizamentos, infiltração da água no solo. Então, quando a gente pensa em risco climático, o tipo de terreno também é fundamental para pensar em zoneamento e áreas destinadas à conservação”, conclui a pesquisadora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia e da Mapbiomas, Bárbara Costa.

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