A casca do pinhão é o principal resíduo gerado durante o seu beneficiamento e representa, aproximadamente, 20% do peso total da semente. Embora não possuam uso consolidado, as cascas contêm uma grande quantidade de fibras e concentram a maior parte dos compostos fenólicos, os quais são antioxidantes e podem atuar na prevenção de doenças cardiovasculares e neurodegenerativas.
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) vem tem progredido nas pesquisas para o uso integral do pinhão no desenvolvimento de produtos alimentícios de conveniência e saudabilidade, no conceito de economia circular.
Em média, 50% do peso fresco das pinhas é composto pelos pinhões, sendo que sua parte comestível é chamada de amêndoa, e 50% por escamas estéreis e não fertilizadas, denominadas falhas, que atualmente não apresentam valor comercial e são descartadas. Somando as cascas e falhas, o total de resíduo gerado, sem valor comercial ou qualquer forma de aproveitamento, totaliza mais de 75% da pinha, em um valor estimado de cerca de 10 mil toneladas/ano.
O projeto visa o aproveitamento integral da pinha, por meio de ações que possam agregar valor à amêndoa do pinhão, bem como gerar o aproveitamento das cascas e falhas das pinhas, por meio do desenvolvimento de ingredientes e produtos alimentícios que contenham não somente as amêndoas, mas também as cascas e as falhas incorporadas. Espera-se desenvolver produtos como pães, cookies, muffins, barrinhas de sementes e bebidas lácteas a partir de farinhas do pinhão integral cozido, seco e moído, com diferencial inovador quanto ao enriquecimento com fibras alimentares e compostos bioativos e redução de gordura.
Tais produtos apresentarão maior saudabilidade, mantendo a boa sensorialidade. Já as cascas e falhas serão incorporadas como ingredientes ou aditivos alimentícios que possam trazer o benefício de redução de açúcar ou gordura em iogurtes, embutidos e sobremesas lácteas, por apresentarem propriedades espessantes, gelificantes e corantes naturais. O projeto vai também capacitar agentes multiplicadores em agroindústrias e, com isso, contribuir para o aproveitamento integral dessa matéria-prima nacional, aportando soluções inovadoras dentro do conceito de economia circular.
À frente do grupo de pesquisa está a Cristiane Vieira Helm, química industrial, doutora em Ciências de Alimentos, pesquisadora da Embrapa Florestas na unidade de Colombo, PR e comentou sobre o estudo. “O Projeto está na fase de pesquisa e temos muito interesse que alguma empresa nos procure para produzir as farinhas em comercializá-las, pois a Embrapa transfere toda a tecnologia. As farinhas (só da amêndoa e do pinhão integral) podem ser utilizadas como ingrediente na elaboração de massas alimentícias, panificação, produtos lácteos, entre outros usos e o pinhão, por não conter glúten, tem um apelo para os indivíduos celíacos, o que agrega valor a farinha de pinhão, em mistura com farinhas de outros cereais sem glúten como, arroz, milho e aveia”.
Sobre o risco de extinção a Drª Cristiane tem se mostrado otimista. “A Embrapa tem vários projetos com a Araucária que incentivam o plantio e o uso da espécie. Vamos conseguir mudar o cenário nos próximos 10 anos com os novos plantios e o novo método de enxertia da Embrapa Floretas para o pinhão precoce. Esta técnica permite a Araucária produzir pinhas com 7 anos de idade, enquanto que uma Araucária normalmente leva no mínimo 20 anos para começar a produzir pinhas”, completou.
Ainda na área da culinária, a Lei estadual nº 17.457/2013 de autoria do deputado Anibelli Neto (MDB), incluiu no Calendário Oficial de Eventos do Estado do Paraná a Festa do Leitão no Forno – Recheado com Pinhão que é realizada anualmente na semana do dia 28 de junho, durante as comemorações da emancipação político-administrativa do Município de Clevelândia.